quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pensando em João Miguel

Decidi pensar mais no meu pequeno. Ontem, vivi momentos de angústia. É que constatei que as cólicas que eu vinha sentido há alguns dias são contrações. Nossa, que medo que algo ruim tivesse acontecido. De um encurtamento repentino do colo que me obrigasse a uma cerclagem de emergência.

Só Dr. Alberto conseguiu me acalmar. Ele me examinou e constatou que está tudo bem. Na avaliação dele, esses sintomas são consequência do estresse dos últimos dias. Opinião compartilhada pela Dra. Catarina (médica que me acompanha informalmente de Recife) e por toda a minha família.

Hoje, um amigo me disse uma coisa que me fez refletir. "Pense em reviver esse momento de dor, um ano do nascimento de Heitor e Maria Júlia, sem essa dádiva da gravidez"... É verdade. Como foi ruim passar o dia das mães sem uma esperança.

Diante dessa reflexão percebi o quão grande é a minha responsabilidade com João Miguel. Tenho que pensar no meu pequeno e me cuidar para cuidar dele. É isso que eu vou fazer. Já basta a minha amiga Carol, a grávida de trigêmeas. Ela está com 26 semanas e teve um encurtamento do colo. Por isso, está de repouso total. No caso dela se justifica. É uma gravidez múltipla. No meu caso não. Como diz ditado "tenho que parar de procurar sarna para me coçar"!!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sofrendo de novo

Há um ano, eu estava juntando todas as minhas forças, na tentativa de dar o meu melhor para os meus filhos, verdadeiros guerreiros que haviam nascido horas antes. Obedeci minuciosamente todas as recomendações das enfermeiras para que nada pudesse me impedir de estar na primeira visita a Heitor e Maria Júlia na UTI Neonatal. E assim eu fiz. De cadeira de rodas eu fui ver com meus próprios olhos aqueles bebezinhos tão pequenininhos lutando.

A partir daí, deixei de ser protagonista para ser uma mera espectadora. Totalmente impotente. Me dói lembrar as vezes em que vi lágrimas correrem dos olhinhos da Maria Júlia ou da vez em que ela tentou inutilmente retirar o respirador com as próprias mãozinhas. Ou ainda, da reviravolta que acontecia nos batimentos cardíacos de Heitor quando ouvia a nossa voz. Meu filho pedia socorro. Queria a minha proteção. Proteção que eu não consegui dar.

Nesse fim de semana, revivi momento por momento o início do meu pesadelo. Os sangramentos noturnos e as idas em vão ao hospital. Lembro de tudo como se fosse hoje. Lembro principalmente da minha coragem. Tirando o momento em que vi a enfermeira levando Maria Júlia se debatendo toda roxinha, não chorei. Nem ao vê-los com todos aqueles aparelhos na incubadora. Dei ali a minha maior demonstração de fé. Tinha certeza de que era só esperar que tudo daria certo. Acreditava que depois da tempestade viria a bonança e que seriamos felizes.

Hoje deveria ser dia de uma grande festa na minha família. Não tive o direito de sonhar com o tema da primeira festinha. Seria da Turma da Mônica como foi a minha? Ou seria do Backyardigans ou outro personagem infantil da moda? Não sei.

Sei que sonhei muitas vezes sair de manhã para trabalhar, levá-los para a escolinha e descer com eles no colo, um de cada lado da cintura e entregá-los cheia de orgulho às professoras. Não vou viver isso. Como dói, meu Deus.

Infelizmente, nem João Miguel consegue aplacar essa dor. Pelo contrário. Esse meu sofrimento só aumenta o meu medo de que algo de ruim aconteça. Não seria capaz de enfrentar tudo com a mesma coragem. Disso tenho certeza. Agora sei que meu clamor pode não ser ouvido e isso é aterrorizador.

Acho que até o próximo dia 9, essa angustia não dará trégua ao meu coração. Por mais que eu não queira questionar, essa pergunta não sai do meu peito: por que Deus não me livrou dessa dor? O pior é saber que agora é tarde. Nada vai mudar tudo isso. Tenho fé de que a chegada de João Miguel vai me trazer de volta a felicidade. Uma felicidade diferente, mas uma felicidade. Pena que não vou poder dizer: VENCI. Isso, talvez, só quando estivermos todos reunidos... Até lá, acabar com essa mágoa que me amargura o coração já seria uma grande vitória.

sábado, 16 de outubro de 2010

Revelação.....

É um menino! Mais uma vez meu maridinho acertou! João Miguel é o bebê que está sendo gestado em meu ventre. Completamos 14 semanas ontem e fomos ao médico hoje. Dr. Alberto disse que só se pode ter certeza do sexo com 16 semanas, mas pelo o que ele viu, é um menininho. É muito legal acompanhar toda a evolução e agora poder conversar com o meu filhote, chamando-o pelo nome!!!! Estamos muito felizes. A preferência por menina do pai e da avó foi suplantada pela revelação de João Miguel.

Mas Júlio já avisou? Quando João Miguel nascer, a gente começa a planejar a chegada de Sarah!!!! Animado, não?!?! Mas no que depender de mim, vamos colocar esse plano em prática, sim. Não vejo a hora de ver minha casa cheia de alegria, cheia de crianças, se Deus quiser!!!!

Assim que saímos do médico fomes direto comprar um presentinho para o nosso filhote, um lindo macacão, bem sapeca. Ana Flávia já havia dado presentinhos from Canadá. Entre eles, uma camisinha azul. Acertou em cheio! O outro é um body em que “meu filhote declara” seu amor pela avó e a certeza do amor dela por ele. Minha mãe amou. Eu também.

Agora já estou planejando com minha amiga Con o tema da decoração do quarto. Estou contando com um mutirão da mulherada do pacth para dessa vez fazer com minhas próprias mãos o kit de berço do meu filhote. Não vejo a hora de colocar a mão na massa!!!!!!!!!!!

domingo, 10 de outubro de 2010

Reflexões que povoam a minha cabeça

Ana Júlia. Este é o nome do menor bebê que já nasceu no Brasil e sobreviveu. Ela agora está com cinco meses e pouco mais de dois quilos. Quando nasceu com 24 semanas de gestação tinha 350grs e a mãe teve eclampse. Uma história parecida com a de Paulina e Mateus e vitoriosa como a deles.

Parece que notícias como estas me perseguem. E doem. Claro que eu me alegro com a vitória dessa guerreirinha e da sua mãe. Sei exatamente como é a aflição de uma mãe que deixa um filho em uma UTI e tem que ir para casa ou aguardar em uma salinha um bebê tão pequeno passar por uma cirurgia. Ana Júlia passou por uma cirurgia no coração. Dá para imaginar o desafio dos médicos?!?! Mas não consigo deixar de lamentar o fato de os meus filhos não terem conseguido... Fico pensando: eles tinha o dobro do peso da Ana Júlia e não deu certo. Ela só tomou leite materno depois de um mês. Eles tomaram com três dias... Inevitável não comparar as histórias, os procedimentos médicos e os desfechos.

Para piorar, a infecção dos hospitais de Brasília por uma bactéria super resistente já é notícia nacional. Aí volta aquela história na minha cabeça. Meus filhos não tinham nenhuma má formação e estavam enfrentando bem a guerra contra a prematuridade até serem acometidos por uma infecção que nenhum antibiótico conseguiu eliminar... Será que eles foram as primeiras vítimas dessa bactéria?????

Completando os motivos que me levam a reflexões, ontem, fez onze meses da morte de Heitor e Maria Júlia. Vejo amigas que estavam grávidas na época planejando a festinha de um aninho dos seus pimpolhos e me pergunto: vou mandar celebrar uma missa de um ano de falecimento? Não sei.

É tudo muito doído. Vivo pedindo desculpas para o filhote que estou gerando por não conseguir ser feliz plenamente. Vez por outra me pego chorando. Pra ser bem sincera, quase todos os dias, pelo menos uma lágrima rola dos meus olhos. Como diz a música, “minha alegria é triste”.

Mas que ninguém imagine que Heitor e Maria Júlia têm mais importância do que esse novo bebê na minha vida. Não. O “problema” é esse. Com esse bebê, eu tenho uma perspectiva de vida feliz. Enquanto que com os meus primogênitos eu só tenho saudades... Confesso que acho que estou entrando na fase do medo de verdade. Tenho medo de que algo aconteça. Não aguento mais sofrer. Pensar que algo de ruim pode acontecer me enche de pavor. Queria ir ao médico todas as semanas, que a barriga crescesse muito e que os dias passassem logo para começar a sentir o meu filhote... Mas as coisas não funcionam assim. Estamos iniciando a 14ª. semana e no próximo sábado eu irei para uma nova consulta. Que até lá Deus me dê serenidade e cuide muito bem desse bebezinho que Ele me “emprestou”! Amém!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Menino ou menina????????

Estamos na 13º semana de gestação. Pelo o que dizem os manuais de gravidez , é nesse período que os enjoos param. Mas até agora nada. Continuo enjoando. Mas tudo bem! Na semana passada, fiz a ultrasson morfológica de primeiro trimestre. Em tese esse exame é meio tenso. É através dele que os médicos mensuram a probabilidade de má formações e de síndromes como a de Down. Mas confesso que não fui pensando muito nisso, graças a Deus. Claro que na hora H dá um friozinho na barriga... Mas está tudo certo com o meu filhotinho. Ele está (estava) medido 7cm e 54gr. Dá pra imaginar????? Pior (ou melhor) é pensar que apesar do tamanho, várias estruturas do organismo já se desenvolveram. Coisa de Deus mesmo. Foi muito bom vê-lo de novo. Dessa vez, mais quietinho. Só fez uma performance de “street dance” para encantar os pais. A médica bem que tentou chutar o sexo, mas não conseguiu. Júlio garante que é um menino, o nosso João Miguel. Esse se livrou da sina do “César”. É que Júlio é César e colocou o nome no primeiro filho, Sylvio César, e no segundo, Heitor César. Graças a Deus, consegui tirar essa obsessão da cabeça do meu maridinho. Se for menina, o nome também já está escolhido: Sarah Beatriz. Agora a obsessão é minha. Adoro nomes duplos. Sei que nem todos combinam entre si. Sarah Beatriz é um dos que não agradam a todos. Mas pra mim é perfeito. Estava explicando para minha amiga Macelle que imagino chamá-la de Sarah B, acho que por influência da sonoridade do nome da grife Clara B. Não tem cara de nome de escritora?!?!?! O fato é que sem nenhuma demagogia, menina ou menino, esse bebê já me faz muito feliz. Meninas são fofas, doces e nos permitem “brincar de boneca”. Mas sempre ouvi dizer que os meninos são apaixonados pelas mães, nada mal não é?!?!?! Quanta besteira. Mas confesso que quando Heitor e Maria Júlia estava na UTI, eu gastava preciosos minutos das visitas diárias convencendo-os de que ela deveria ser minha melhor amiga e ele apaixonado por mim. Queria que eles sentissem por mim, o mesmo amor que eu “tinha” por eles. Esse novo bebê vai “sofrer” com o amor acumulado, embora não exista nenhum risco de o lugar dos meus primogênitos nesse coração de mãe ser ocupado....