sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Relembrar é viver...

Desde ontem um misto de emoções me invadiu. Estou tentando não racionalizar muito, mas às vezes todo o meu esforço não é suficiente. Estou prestes a completar mais um ciclo. Isso por si só já mexe muito comigo. Pra completar, recebi um telefonema que me trouxe “boas” e “más” notícias. A Keila me ligou para contar que está grávida novamente. Ela e o Juliano “perderam” o primeiro filho deles ano passado, depois de uma complicação no parto. Perderam entre aspas porque como me disse a minha tia Rita “não perdemos aqueles que entregamos para Deus”, embora essa seja a sensação. A Keila e o Juliano representam a minha primeira experiência com a dor de pais que vêem seus filhos partirem. Lembro que chorei compulsivamente por quase uma hora ao saber do acontecido. Já queria muito ser mãe e me dei conta de que nem sempre a maternidade é feliz. Além disso, esse casal foi de enorme valia durante os dias que se sucederam a morte de Maria Júlia e Heitor. Eles sempre se mostraram muito solícitos e solidários a nossa dor. Sabia que ela temia que uma de nós ficasse grávida de novo antes da outra. É humano. Aliás, acho que da última vez que nos vimos, em maio, ela já estava grávida e não quis me dizer. Entendo. Também me sentia desconfortável ao encontrá-la quando estava grávida, meses depois de ela ter que “entregar” o Daniel. Mas, sinceramente, não me incomodo em conviver com grávidas. O que me faz sofrer é EU não estar grávida. Mas além de me contar sobre a sua gravidez, a Keila também me contou sobre a morte da filhinha de um casal que fez encontro ano passado. Isso sim me fez sofrer. Quis me controlar para não questionar. Então me “afoguei” na TV. Assisti uma temporada inteira de “Sex and City” para não pensar. Mesmo assim, quando fui deitar, às 2h da madrugada, fiquei horas sem conseguir dormir, lembrando do dia 9 de novembro de 2009 e me compadecendo da dor dos pais dessa menininha. Pelo nome, nem lembrei quem era o casal. Mas decidi ir ao velório para demonstrar minha solidariedade. Júlio não quis ir. Aliás, ele nunca mais voltou lá. Chegando lá reconheci os rostos a quem eu tanto servi biscoitos, trabalhando na equipe do cafezinho. Fiz questão de abraçá-los e chorei. Mais uma vez fim um pedido a Heitor e Maria Júlia. Pedi que eles recepcionassem a Suellen. Ela nasceu com uma síndrome rara e segundo os médicos viveria no máximo três anos. Ela viveu dois anos e onze meses. Os pais já haviam “perdido” um filho aos três meses, em função da mesma síndrome. Portanto, sabiam o que poderia acontecer, mas não deixaram de chorar ao se despedirem da sua pequenina. Agora, eles têm uma mocinha de 13 anos. Chorei com eles. Depois fui visitar o túmulo dos meus filhos. Fiquei uma meia hora lá, sentada sobre a grama, pedindo a Deus que me ajude a aceitar a vontade dEle. Quase no fim, um pessoal, acho que um grupo de evangélicos, veio e cantou uma música belíssima para mim. Não me lembro exatamente as palavras. Mas só pude responder uma coisa: Amém!

2 comentários:

  1. Amiga só me vem uma música na minha mente...
    Vai dar tudo certo... vai dar tudo certo...
    beijos

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  2. AMIGA, VAI DAR TUDO CERTO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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